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EN SAN PABLO ..COMUNIDAD PERUANA CELEBRA... 2da. FIESTA DE LA "YUNSA" ..


YUNSA 2013: INTEGRAÇÃO ENTRE OS POVOS E AFIRMAÇÃO DE CULTURAS

Nem mesmo a chuva diminuiu o ânimo dos participantes da II Festa Cultural de – Carnaval Andino YUNSA 2013, realizada dia 07/04 no Parque do Belém. O evento atingiu seu objetivo de integração por meio da cultura, com a presença de mais de 4 mil pessoas durante todo o dia, entre imigrantes de várias nacionalidades e também muitos brasileiros. Além da presença dos três cônsules do Peru, Arturo Jarama – Cônsul Geral, e os cônsules Eduardo Perez del Solar e Fernando Alvarez, também estiveram presentes no evento parlamentares como o Deputado Estadual Adriano Diogo e autoridades estaduais e municipais, como Joaquin Orniqui, Coordenador de Parques Urbanos do Estado de São Paulo e Rogério Sottili, Secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.
Seguindo o exemplo da I Yunsa, realizada no Parque Ecológico do Tietê em 2012, evento multicultural com a presença de bolivianos, paraguaios, brasileiros e outros imigrantes de diferentes países, esta Yunsa volto a reivindicar a necessidade de se ter na Capital Paulista, um espaço para que imigrantes possam expor de modo permanente suas culturas, culinárias, folclores e artesanatos.  Neste sentido destacamos a luta de grupos organizados que junto ao CDHIC já estão dialogando com o poder público paulista em vista de um espaço permanente no Centro da Cidade.
O Parque do Belém, palco da II YUNSA, conta com uma área de 210 mil m² e possui uma série de equipamentos culturais, entre estes 1,5 km de ciclovias que foram desfrutados e aprovados pelas famílias presentes no evento. “Não há duvidas, que este lugar é ideal para a YUNSA e temos certeza que no próximo ano estaremos aqui com muito mais pessoas para desfrutar desta festa que é tão tradicional no Peru”, disse Cesar Mendez – folclorista peruano.

Para Tânia Bernuy Illes, promotora cultural do CDHIC e organizadora do evento, a segunda YUNSA marca uma afirmação da cultura peruana na cidade de São Paulo. “Somos mais de 20 mil peruanos na cidade de São Paulo, ainda não temos um lugar permanente para apresentar nossa cultura, artesanato, folclore e gastronomia. É muito importante que a comunidade peruana se empodere dos espaços públicos e eventos como este mostram que também somos parte desta cidade e desse país. Tenho certeza que cada vez mais nos fortaleceremos como comunidade, não só pela riqueza cultural, mas também pela capacidade de mobilização e de lutar juntos por direitos e dignidade”.Por fim, Tânia explicou a necessidade de oficializar a Festa  no calendário festivo da cidade de São Paulo, ou mesmo do Estado: “Para isso estamos dialogando com as autoridades municipais e estaduais.” disse.

Culinária Peruana: uma atração à parte
Que a culinária do país do ceviche está em alta já não é mais uma novidade. O Peru foi premiado como o Melhor Destino Gastronômico do Mundo, em dezembro de 2012, pelo  “World Travel Awards” (WTA) 2012, aclamado pelo Wall Street Journal como uma espécie de Oscar da indústria do turismo, sendo o primeiro país sul-americano a receber essa premiação internacional. No entanto, quem veio a YUNSA pode experimentar além do ceviche, os deliciosos Picarones, Parrillada, Pollo a La brasa e uma variedade de mais de 10 pratos típicos.
 O destaque da culinária, no entanto, desta vez ficou coma PACHAMANCA que pela primeira vez foi preparado e servido em São Paulo, de forma comunitária. Trata-se de um dos pratos mais tradicionais e mais antigos do Peru, herança da cultura Inca. Um dia antes do evento foi aberto um buraco no chão, logo levantado uma parede de tijolos, chapa de ferro encima e logo muitas pedras. No dia do evento coloca-se fogo e quando as pedras estão vermelhas e quentes, todos os alimentos – uma variedade de carnes, milho verde, bananas, batata doce, entre outros ingredientes que são envolvidos em folhas de bananeira e assados debaixo da terra onde as pedras previamente aquecidas  garantem o calor necessário.
   
A palavra pachamanca é composta de dois termos quechuas: pacha que significa terra e manka que é traduzida como alimento ou assadeira.
Danças e grupos musicais presentes
Na parte artística os shows foram conduzidos por diferentes grupos, desde músicas andinas tradicionais, como Peru Inkas, grupo Corazon Peruano, como alguns bastante ousados como é o caso do Kausachum, banda de roque andino, grupos de salsa, além de apresentação conjunta do Grupo Nueva Expressão e Kantuta Bolívia, com música e dança promovendo a integração entre imigrantes de diferentes nacionalidades e brasileiros presentes no evento.
Mesmo com chuva, a céu aberto os grupos não deixaram de fazer suas apresentações e suas danças
 que foi respondida com entusiasmo e euforia pelo público presente que dançou e cantou junto às bandas, até o anoitecer, tendo como auge a dança ao redor da árvore enfeitada, concluindo como deveria ser ao ritmo de salsa peruana por conta da Orquestra de Salsa: “LA SABROSURA”.
A importância da Yunsa, na opinião de alguns presentes
Para o Secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Rogério Sottili, a organização desse evento é muito importante por ser um momento de encontro e fortalecimento dos direitos das pessoas que vivem nessa cidade. Para ele “na medida em que fortalecemos a cultura dos povos que aqui vivem, nós estamos defendendo também os direitos desses povos.”
O secretário fez uma saudação ao público: “tenho muito que agradecer a todos os imigrantes e aos organizadores da Festa pelo convite, e, em nome da administração do Prefeito Haddad, dizer que nosso compromisso é para que os seus direitos sejam reconhecidos, que a sua cultura seja promovida. Muito obrigado peruanos, muito obrigado brasileiros, migrantes de todas as partes do Brasil e do mundo que aqui vivem” – finalizou.
O deputado estadual pelo PT Adriano Diogo, da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e da Comissão Estadual da Verdade, visitou a Yunsa pela manhã. Adriano disse à redação do Conexión Migrante que considera muito significativo que tal festa cultural se realize no Parque do Belém. “No Brasil os sítios da memória são descaracterizados. Aqui é um lugar carregado de história, um sítio que foi macabro, onde mais se matou e torturou jovens em São Paulo.
Em que pese esse passado, é importante que a diáspora latina se encontre aqui, pois este espaço precisa ser verdadeiramente público.” O deputado também comentou sobre a cultura andina enaltecida pela Yunsa. “A cultura é muito importante, essencialmente quando se faz resistência e política. Ninguém migra para o Brasil para fazer turismo. Imigrantes têm sempre uma história e uma luta, que deve ser não só pela memória, mas uma luta viva por seus direitos” – concluiu.
O sindicalista Artur Henrique também prestigiou o evento. Artur já foi Presidente Nacional da Central Única dos Trabalhadores/CUT e hoje representa Central Sindical das Américas/CSA e é secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT. Falando para o Conexión Migrante, o dirigente ressaltou que as Centrais Sindicais devem estar próximas das lutas dos imigrantes e o Brasil precisa se firmar como uma nação aberta a receber todos os trabalhadores imigrantes, não somente os chamados ‘qualificados’. “A CUT entende que é necessário ampliar todos os direitos, para os migrantes de mais variados perfis.”
Henrique falou também da campanha por direito ao voto do imigrante. “Não faz sentido tantos trabalhadores, que moram no nosso país, não terem direito a participar das eleições, não terem direito ao voto. Eles devem ter os mesmos direitos do trabalhador brasileiro” disse. A Yunsa 2013 foi freqüentada por muita gente interessada no tema da imigração e pessoas que já tiveram experiências de vida interessantes, como é o caso do maestro Roberto Casemiro, que atua no teatro municipal de São Paulo e esteve na festa. Casemiro que é descendente de africanos acompanha vários grupos de imigrantes e conta que já adotou um filho nascido no país Guiné-Conacri, quando o país africano estava em guerra. “Meu filho, hoje residente em São Paulo, já enfrentou discriminação e queriam inclusive deportá-lo”. Sobre a Yunsa, o maestro diz que chama a atenção a integração cultural. “Em eventos assim, cada país tem a oportunidade de mostrar sua pureza e beleza. Podemos ver pontos em comum nas culturas dos povos. Para integrar,precisamos nos aproximar” indica por fim.
A YUNSA é organizada pelo Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante/CDHIC e a Associação Latino Americana de Arte e Cultura Andina/ALAC, com o apoio do Consulado do Peru.

Redação: Equipe de Conexión Migrante
Imagens: Carlos Porto e Dionício Espinoza

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